"Novo sistema do Fisco é ferramenta fiscal e de gestão"
Roberto Dias, autor de livro sobre escrituração digital, diz ainda que Sped é eficaz contra sonegação.
Eficiente para o Fisco no  combate à sonegação e temido pelos contribuintes, o Sped, sigla de Sistema  Público de Escrituração Digital, é tema do primeiro livro sobre o assunto no  Brasil. em Big Brother Fiscal - Na era do Conhecimento, o autor, administrador  de empresas Roberto Dias Duarte, defende o uso da ferramenta que, na sua  opinião, traz vantagens tanto para o Fisco como para os contribuintes. Ele  também aborda as consequências no mundo empresarial do que considera a maior  transformação tributária da história do País.
 Diretor da Mastermaq Softwares, Duarte associa o sistema ao Big Brother por  conta do monitoramento em tempo real do fisco sobre as operações das empresas.  Ele já vendeu 5 mil exemplares do livro. Detalhe: a publicação é comercializada  com a Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), hoje obrigatória apenas para as grandes  companhias. Na entrevista abaixo, o autor diz que a ferramenta traz impacto  também para as micros e pequenas empresas, embora estejam dispensadas da  obrigação. Sobre o consequente aumento da carga fiscal com o uso dessa  tecnologia, o autor acha que será uma oportunidade para que a sociedade inverta  o Big Brother, ou seja, monitorar gastos do governo. Quais as principais vantagens do Sped para as empresas? A economia de papel é uma delas. Vendendo o livro por meio da nota fiscal  eletrônica, por exemplo, economizei R$ 10 mil reais. O sistema também traz  melhorias em todo o processo gerencial e logístico. Por isso, acho que ele deve  ser encarado não apenas como uma ferramenta da área fiscal ou contábil, mas  principalmente de gestão. Hoje, meu contador se dedica a tarefas mais  importantes da empresa, como por exemplo o planejamento tributário e os  indicadores de resultados. E para provar que pequenos negócios podem ter ganhos  reais, incluí voluntariamente a editora do livro no processo de emissão de NF-e. Qual o impacto para as micros e pequenas empresas?  Há um consenso de que as empresas optantes do Simples Nacional sejam  dispensadas de entregar o Sped Fiscal (escrituração e documentos fiscais ) e  usar a nota fiscal eletrônica. Isso não significa que não haverá controle sobre  o segmento. Vale lembrar que a nova nota viabiliza o rastreamento fiscal de toda  a cadeia produtiva. Hoje, um produtor rural que vende para um grande frigorífico  tem seu CPF registrado na nota e, portanto, a Receita Federal tem acesso ao  valor total dessa transação. Na sua opinião, a sonegação está, então, com os dias contados?  Sim. Já há estudos apontando que, nos próximos cinco anos, o índice de  sonegação no Brasil será menor que a taxa do Chile. E nos próximos 10 anos a  tendência é que o País alcance os índices dos países desenvolvidos, em que o  controle no pagamento dos impostos é bastante rígido. Uma das preocupações do setor empresarial com o Sped é o possível  vazamento de informações estratégicas das empresas. Como o senhor vê esse  problema?  Infelizmente, não há tecnologia que resolva o problema da falta de caráter. E  sabemos que pelo menos 80% dos casos de invasões de dados são cometidos por  funcionários das próprias empresas. Vale lembrar que, na verdade, o Fisco pode  dispor a qualquer momento dessas informações. E considero eficiente a tecnologia  de segurança do Fisco. É muito mais segura do que a das empresas em geral.   Maior controle da sonegação leva ao aumento da carga tributária, que já é  alta no Brasil. Qual a sua opinião sobre isso?  Quanto maior a presença fiscal eletrônica, maior a arrecadação. É uma  consequência natural. Mas não posso ser contrário a um projeto como o Sped  porque vai trazer aumento da carga fiscal. É uma oportunidade para a sociedade  cobrar e inverter o Big Brother. Em outras palavras, pressionar para que o  governo demonstre onde está gastando o dinheiro arrecadado com os impostos.