Receita adiará declaração do IR
Prazo da entrega do Imposto de Renda das empresas será postergado pela primeira vez desde 1996, porque programa para os regimes de lucro real e das isentas não está pronto
Ricardo Allan
A  Receita Federal vai ter que adiar, por pelo menos um mês, o prazo de entrega da  declaração de Imposto de Renda (IR) das empresas que optaram pelo regime do  lucro real e das isentas do pagamento do tributo. Desde 1996, as instruções  normativas (IN) consolidaram 30 de junho como o último dia para a prestação de  contas. Neste ano, a data deve ser fixada para o fim de julho. Até agora, o  Fisco não colocou à disposição dos contribuintes o programa para o preenchimento  do documento e não sabe quando será possível fazer isso. Segundo os técnicos da  Receita, o atraso se deve à necessidade de adaptar o software às mudanças  legislativas promovidas pela Medida Provisória (MP) 449. 
A demora trouxe  preocupação aos departamentos tributários das companhias. O regime do lucro real  é aplicado àquelas com faturamento anual superior a R$ 48 milhões. A MP 449,  editada em 3 de dezembro do ano passado, permitiu uma nova rodada de  parcelamento de dívidas tributárias, com reflexos nas declarações das pessoas  jurídicas. Em vez de começarem a trabalhar logo na adaptação do programa, como  costuma ser feito, os técnicos esperaram a conversão da medida em lei. O esforço  só se iniciou depois de 27 de maio, quando o presidente Luiz Inácio Lula da  Silva sancionou o projeto aprovado no Congresso, transformando-o na Lei 11.941.  Por isso, o software ainda não foi concluído. 
Os contadores reclamam  também do prazo dado para a declaração das empresas que têm receitas inferiores  ao limite de R$ 48 milhões e optam pelo lucro presumido e das que se valem do  regime do lucro arbitrado. O programa para esse acerto de contas só foi posto na  página da Receita na internet no início deste mês. Segundo vários contabilistas,  o período de 30 dias para se inteirar das alterações feitas é muito curto. Eles  querem que a administração tributária prorrogue o tempo do cumprimento da  obrigação por mais um mês. Por enquanto, os responsáveis pelo IR no órgão não  dizem nem que sim nem que não. Afirmam apenas que a cúpula do órgão ainda não  tratou de um eventual adiamento. 
Na avaliação de advogados  tributaristas, a quebra da tradição de manter as datas das declarações gera  confusão. Eles argumentam que, quando o assunto é o pagamento de tributos,  previsibilidade é fundamental. 
 
                            